Prêmio FCW de Fotografia 2024
Regulamento
18° PRÊMIO FUNDAÇÃO CONRADO WESSEL DE ARTE
ENSAIO FOTOGRÁFICO – 2024
Regulamento
Introdução
1. O 18° Prêmio FCW de Arte 2024 é promovido pela Fundação Conrado Wessel, situada à Rua Pará, N° 50, 15° andar, CEP 01243-020, Higienópolis, São Paulo, SP, registro CNPJ Nº 00.079.007/0001-40.
II. Objeto
1. O objeto do Prêmio FCW de Arte é a Fotografia, profissão e atividade empresarial do Instituidor Ubaldo Augusto Conrado Wessel.
2. Nesta edição, o Prêmio privilegia o Ensaio Fotográfico (narrativa fotográfica) e é aberto somente para fotógrafos brasileiros natos e brasileiros naturalizados. O Ensaio Fotográfico deve ter sua produção realizada e comprovada entre 1° de janeiro de 2020 e 31 de julho de 2024.
3. Entende-se por Ensaio Fotográfico um conjunto de 10 (dez) fotografias de uma só temática, de conteúdo etnográfico, paisagístico, ecológico e socioambiental, desenvolvido em território brasileiro. O portfólio encaminhado digitalmente para avaliação deverá conter fotografias de um mesmo trabalho e não fotografias avulsas e sem conexão.
4. Cada candidato poderá inscrever apenas um ensaio cujo tema geral é: BRASIL, UM PAÍS SURREALISTA.
5. Serão selecionados, entre os inscritos, os 3 (três) melhores ensaios fotográficos, que serão considerados os finalistas.
6. O anúncio dos ensaios selecionados e dos fotógrafos premiados será divulgado no dia do evento de premiação que será realizado dia 24 de outubro de 2024, na Villa Bisutti, R. Casa do Ator 642, São Paulo.
III. Critérios de Julgamento das Fotografias
1. Os Ensaios Fotográficos serão avaliados quanto aos seus aspectos técnicos, à beleza, composição, forma, originalidade, qualidade cultural, unidade de conjunto (edição e narrativa), e quanto à capacidade de comunicar o tema sem o auxílio de texto. Caso necessário, encaminhar texto explicativo de no máximo 1.400 caracteres, sem assinatura ou identificação do autor, em um arquivo PDF.
2. O julgamento será somente sobre o Ensaio Fotográfico apresentado.
3. A escolha dos 3 (três) ensaios finalistas será feita por um Júri de Seleção designado pela FCW e constituído especificamente para esse fim.
4. A escolha dos 1°, 2° e 3° lugares será feita entre os 3 finalistas, através da indicação do Júri de Seleção (40%) e do voto dos participantes da Cerimônia de Premiação (60%).
5. A decisão da Premiação é soberana e irrecorrível, reservando-se a ela todos os direitos que se fizerem necessários, não cabendo recurso posterior por parte dos inscritos.
IV. Premiação
1. Dentre os Ensaios Fotográficos finalistas, serão selecionados:
1.1 O primeiro melhor Ensaio Fotográfico, que receberá o Prêmio de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais);
1.2 O segundo melhor Ensaio Fotográfico, que receberá o Prêmio de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais);
1.3 O terceiro melhor Ensaio Fotográfico, que receberá o Prêmio de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
1.4 Os valores mencionados correspondem aos montantes líquidos a serem pagos, sem os encargos tributários cuja incidência ocorrerá exclusivamente na fonte e de cujo recolhimento respectivo a Fundação Conrado Wessel oferecerá comprovação ao premiado.
2. Os prêmios serão concedidos pela Fundação Conrado Wessel, além do Troféu Prêmio FCW, entregue aos vencedores na noite festiva do Prêmio FCW 2024. Um certificado a cada um dos premiados será encaminhado posteriormente.
V. Regras de Participação
1. Para participar do prêmio, os inscritos deverão ser fotógrafos (conforme II.2.), residentes e domiciliados em território nacional.
2. Será permitida a inscrição de 1 (um) Ensaio Fotográfico com 10 (dez) fotografias por participante.
3. O fotógrafo inscrito será considerado, para os objetivos da premiação, responsável pela(s) respectiva(s) fotografia(s) concorrente(s). A FCW se reserva o direito de solicitar aos 3 (três) fotógrafos finalistas uma declaração para confirmar a competente autoria.
4. Não poderão participar desta 18a edição do prêmio os fotógrafos já premiados nas 5 últimas edições (anteriores).
5. O Prêmio FCW de Arte – Ensaio Fotográfico aceita a participação de Coletivos Fotográficos com uma ressalva: a inscrição do ensaio deverá ser realizada através do nome e CPF de um dos integrantes do Coletivo, previamente informado à Fundação Conrado Wessel, ou ao CNPJ do Coletivo Fotográfico. No caso de premiação, o cheque de premiação será em nome do fotógrafo integrante do coletivo que assumiu a inscrição ou em nome do Coletivo Fotográfico.
6. Não será permitido apresentar fotografias com o uso de software ou sistemas de inteligência artificial, como ChatGPT, Midjourney, DALL-E, DreamStudio, Copilot e outros.
7. Os inscritos que não cumprirem os itens acima serão automaticamente desclassificados.
VI. Inscrição
1. As inscrições deverão ser preenchidas no período de 3 de junho a 30 de setembro de 2024 através do site www.fcw.org.br.
2. O recebimento das inscrições via internet será encerrado no 30 de setembro de 2024, às 23:59 horas.
3. A inscrição é gratuita.
VII. Envio das inscrições e das fotografias
1. A inscrição e as fotografias deverão ser enviadas para a FCW por meio do formulário disponibilizado no endereço www.fcw.org.br/premio-fotografia-inscricoes.
2. O preenchimento incorreto e/ou incompleto da ficha de inscrição implicará na desclassificação do fotógrafo.
VIII. Sobre a responsabilidade dos fotógrafos finalistas
1. Os 3 (três) fotógrafos finalistas autorizam expressamente a FCW a expor e/ou utilizar seus nomes e suas imagens do Ensaio Fotográfico enviado para concorrer ao 18° Prêmio FCW de Arte, na divulgação do resultado nas redes sociais e no site fcw.org.br devidamente creditado.
2. Fica a FCW ou qualquer outra empresa participante da organização, administração ou divulgação deste prêmio, isenta de qualquer tipo de ônus ou demanda que possam surgir por parte dos finalistas.
3. Os fotógrafos finalistas deverão enviar o arquivo digital em alta definição, devidamente identificado, para a FCW, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da data do aviso. A definição das imagens será de no mínimo 200 DPI e máximo 300 DPI, tamanho 80 cm no lado maior para reprodução em revista e/ou para eventual exposição.
4. Os 3 (três) fotógrafos finalistas serão responsáveis por qualquer demanda judicial ou extrajudicial que possam surgir em função de eventual exposição ou da utilização/veiculação da sua(s) fotografia(s) na divulgação dos resultados.
5. Os finalistas concordam, caso seja solicitado, em ser fotografados em local e data marcados pela FCW.
6. O fotógrafo garante, na ficha de inscrição, a originalidade e autenticidade das fotografias de sua autoria, assim declara não haver qualquer restrição ou embaraço à sua eventual exposição e sua divulgação na mídia impressa e/ou eletrônica.
IX. Sobre a responsabilidade da FCW realizadora do evento
1. A FCW não se responsabilizará por quaisquer problemas relacionados ao envio ou extravio na postagem das fotografias.
2. Os Ensaios Fotográficos finalistas poderão ser reproduzidos em tamanho ampliado ou reduzido, da forma que for mais adequada para o evento de premiação.
3. Os Ensaios Fotográficos serão publicados de acordo com a ordem da edição sugerida pelo autor ou conforme decisão do Júri de Seleção, que também poderá sugerir a edição para os ensaios.
X. Resultado
1. A FCW comunicará via correio eletrônico (e-mail constante na ficha de inscrição) os nomes dos 3 (três) fotógrafos finalistas.
2. A divulgação dos nomes dos 3 (três) fotógrafos finalistas e dos respectivos Ensaios Fotográficos também será veiculada nas redes sociais e no “site” da FCW – www.fcw.org.br.
XI. Disposições finais
1. O envio da inscrição implicará na concordância e aceitação de todas as condições do presente Regulamento, por parte do inscrito/fotógrafo.
2. O não cumprimento de qualquer cláusula deste Regulamento implicará na desclassificação do fotógrafo e do seu Ensaio Fotográfico.
3. Dúvidas acerca deste prêmio podem ser esclarecidas pela FCW, via correio eletrônico: premiofcwarte@gmail.com.
4. As dúvidas e os casos omissos deste Regulamento serão resolvidos pelo Júri de Seleção de maneira soberana e irrecorrível.
Brasil, um país surrealista
O Surrealismo, a última das vanguardas históricas, surgiu em Paris em 1924, há exatos cem anos. No período entre guerras (1918-1939), denominado "anos loucos", a incerteza diante da longevidade da paz, levou ao desejo de viver intensamente o aqui e agora – o presente. Também traz a influência da psicanálise, particularmente de Sigmund Freud e seu livro A interpretação dos Sonhos, publicado em 1900.
O escritor e poeta André Breton (1896-1966) foi o fundador do movimento, após seu rompimento com o dada, a vanguarda artística anterior. Seu manifesto foi publicado há exatamente 100 anos e dentre seus
princípios, propunha que os artistas deveriam expressar livremente o pensamento, de forma espontânea e irracional. Temas como o acaso, a loucura, os sonhos, as alucinações, o delírio, o humor e o terror
predominaram nas obras surrealistas.
A origem do termo surrealismo está associada ao poeta Guillaume Apollinaire (1880-1918), que classificou no livro Le Mamelles de Tirésias, publicado em 1917, como um “drame surréaliste”. Para o poeta e crítico literário Gilberto Mendonça Teles, sem seu livro Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro, em que apresenta um rico panorama sobre os movimentos modernistas, após 1924, “sucede a fase das declarações e descobertas surrealistas, predominando a exploração do inconsciente, a narração dos sonhos, as experiências com o sono hipnótico e também, a partir de 1925, a fase de conscientização política, quando a ideia de Marx – ‘transformar o mundo’ – vinha, segundo ele, completar e substituir a de Rimbaud – ‘mudar o mundo’.”
Revolucionário, o Surrealismo trouxe novos meios, suportes e fontes de inspiração artística. Particularmente para a fotografia, temos a fotomontagem e a collage, termo francês para designar o fazer essencial do Surrealismo: dar a ver a imagem nova por meio da aproximação de realidades distintas. Ambas exaltavam a livre associação de ideias, sem as amarras da representação convencional. Uma manifestação visual que reproduz a realidade de uma forma muito peculiar, distante dos preceitos lógicos da representação.
Podemos destacar entre as variáveis da sintaxe surrealista, a experimentação sem limites, a livre associação de formas e conteúdo, a valorização do onírico, do acaso e do inesperado, bem como a total liberdade com os processos de criação. Todas essas variáveis combinadas ou não, geram imagens que valorizam o choque dos contrários, um estranhamento imagético capaz de viabilizar possíveis questionamentos. Entre os principais nomes na area da fotografia e cinema podemos destacar Maurice Tabard, Raoul Ubac, Claude Cahum, Herbert Bayer e, principalmente, o norte-americano Man Ray, na verdade Emanuel Radnitzky (1890-1976), e o francês Eugéne Atget (1857-1927).
No clássico texto de Walter Benjamin – Pequena História da Fotografia – é destacado o pioneirismo de Atget que realizou suas fotografias nas duas primeiras décadas do século 20. Para Benjamim, “as fotografias parisienses de Atget são as precursoras da fotografia surrealista, a vanguarda do único destacamento verdadeiramente expressivo que o surrealismo conseguiu por em marcha. Foi o primeiro a desinfetar a atmosfera sufocante difundida pela fotografia convencional.”
No Manifesto Surrealista, publicado em 1924, André Breton, nas artes visuais, cita, entre outros, Pierre Reverdy: “A imagem é uma criação pura do espírito. Ela não pode nascer de uma comparação, mas da aproximação de duas realidades mais ou menos afastadas. Quanto mais distantes e justas forem as relações das duas realidades aproximadas, tanto mais forte será a imagem – mais terá ela de capacidade ou poder emotivo e de realidade poética.”
Essa afirmação nos ajuda a entender melhor o tema do 18˚ Prêmio Wessel de Fotografia – Brasil, um país surrealista – que busca nessa edição celebrar o centenário do Surrealismo, relacioná-lo com o Brasil de hoje, um país surrealista, e destacar a qualidade crítica e política da produção fotográfica
brasileira.
Sim, parte expressiva da nossa produção contemporânea, seja na fotografia documental seja nas outras expressões fotográficas, já destacam em seus ensaios, os diversos contrastes, visíveis ou não, em nosso país – riqueza e miséria, fartura e escassez, arrogância e desprezo, visibilidade e invisibilidade, lixo e luxo. Idiossincrasias de um modelo econômico perverso, centrado na concentração da riqueza e na exploração das minorias incapacitadas.
Rubens Fernandes Junior
Pesquisador e curador